segunda-feira, 20 de maio de 2013

O Medo



Medo de ser Descoberto

Se tem algo que eu não gosto é de mentir, sou péssimo nisso. Porém, por ser homossexual, já menti inúmeras vezes sobre minha condição. Eu tento me esquivar disso, prefiro disfarçar, desconversar, não sei. Mas às vezes é inevitável, simplesmente não há como dizer o que você deseja dizer sem sofrer as duras consequências que algumas palavras trazem.

A incompreensão e a tolerância estão em todos os lados, na faculdade, no trabalho e em nossa própria família. Se fosse só na faculdade ou só no trabalho não há tanto mal em falar, pois são pessoas estranhas (grande parte), pessoas que significam pouco ou que são passageiras, temporárias. Entretanto, em nossa própria casa, temos nossa família, nossos entes mais queridos. Vínculos que não são quebrados tão facilmente, que doem mais do que desejamos.

Eu almejo um dia poder dizer "sim, sou gay", sem qualquer tipo de medo. Para todos, para minha família, para meu irmão. Acho que já dou indiretas suficientes para não ter que omitir esse lado quando questionado. Mas algumas barreiras são mais difíceis de quebrar do que imaginamos, seja por medo, seja por insegurança.

Às vezes eu só desejo poder andar de mãos dadas com meu namorado na rua. Poxa, estamos juntos há três anos, já partilhamos tantas coisas, já temos tantas histórias e tanto afeto um pelo outro. Odeio ter que ir em lugares específicos para poder demonstrar meu carinho por ele. É simplesmente injusto, alguns se conhecem em uma semana e já estão andando por aí de mãos dadas, proclamando o recém-amor para o mundo.

~.~

Então eu vejo aqueles corajosos, os que têm a atitude e a coragem suficiente para se expôr e enfrentar as enxurradas de comentários, más palavras e agressões que possam chegar. Eu, infelizmente, não possuo essa força. Ainda.

Procuro ela na independência que um dia há de chegar. Sem ter que ter medo se outros podem encontrar minhas cartas escondidas no armário; as cartas do meu namorado em que diz tantas coisas lindas. Ou as mensagens do celular, que sempre tenho que apagá-las prontamente. Ou quaisquer vestígios que possam me comprometer e inesperadamente quebrar a paz de um lar.

O fato é que ninguém entende você logo de cara. Ninguém entende que algumas coisas não são decisões, opções, são só fatos, características, traços das pessoas. E quando as pessoas são encaradas com algumas informações inesperadas, têm que enfrentar o preconceito deles próprios.

Só me resta esperar que essa batalha, do Amor X Preconceito, seja ganha pelo primeiro.

Só esperar não, pretendo fazer algo para ajudar. Eu quero poder fazê-los entender, fazê-los melhorar, fazê-lo ver que não há nada de errado, fazê-los me amar simplesmente como sou, que não mudei, que sou elementarmente assim.

Se isso não der certo, pelo menos quero ter alguém que me ao me lado.